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sexta-feira, 6 de novembro de 2009

MONUMENTOS AOS RACINHAS

MONUMENTO aos PRACINHAS
perspectivas para o arquiteto compor sem ser naquele sistema em que você leva os
esforços para as colunas através do arco. Então nós queríamos dar um sentido...digamos,
também arquitetônico a esse pórtico. E, posteriormente, foram dadas várias
interpretações a esse pórtico; e aí já não caberia mais aos arquitetos interferir. A princípio
até havia uma gozação, diziam que era a muleta do pracinha, havia essa primeira
interpretação... O carioca é muito gozador, e quando esse troço começou a aparecer aí a
primeira coisa que diziam é que era a muleta do pracinha. Depois os militares deram
outras interpretações, diziam que eram como se fossem assim, digamos, mãos para o
céu. Mas eu confesso a vocês que nós, arquitetos, não tivemos nenhuma participação
nesse simbolismo nem nessa metáfora. A nossa idéia era arquitetônica, abstrata. Porque
nós continuamos achando que a arquitetura, apesar de ter conotações simbólicas e
metafóricas, ela é muito uma arte abstrata. Ela lida com espaços, com volumes, com
texturas; e das artes talvez seja a que menos comunique uma idéia imediata. Ela não é
como a pintura, ou como a música, ou como a literatura. Essa, então, nem se fala! quer
dizer, a literatura comunica totalmente o que o escritor está querendo dizer... Então a
nossa idéia foi que o pórtico fosse alguma coisa que pairasse no ar, que não ficasse
ligado à terra, tivesse uma... como que estivesse sobrevoando. Então nos deu essa idéia
de fazer uma superfície curva, ascencional. Isso também nós achamos que daria um
sentido de espiritualidade ao monumento; alguma coisa que fisesse a curva ir para cima
e não para baixo. Daí nós projetamos esse pórtico, que ficou limitado, em altura, por um
balizamento da Aeronáutica; porque aqui perto tem o Aeroporto Santos Dumont, não
poderíamos ultrapassar a trinta e poucos metros... Eu me lembro que esse concurso foi
em duas etapas: uma primeira etapa era só desenhos, perspectivas, e a segunda etapa foi
com maquete. Na primeira etapa eles classificaram cinco projetos, e na segunda etapa,
então, escolheram o definitivo. Eu me lembro que quando chegou na segunda etapa e
nós começamos a fazer a maquete, nós começamos a ver que o elemento que define o
pórtico, lá em cima, estava muito pequeno em relação ao espaço vazio. Então nós fizemos
uma maquete com vários tamanhos daquela cobertura e tirávamos fotografias para sentir
a proporção, como se estivesse uma pessoa olhando lá de longe; não adiantava por uma
Ana Paula Pontes/set.05.

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