Páginas

terça-feira, 6 de outubro de 2009

CIDADES ROMANAS

UDC - FACULDADE DINÂMICA DAS CATARATAS
CURSO DE ARQUITETURA E URBANISMO
Disciplina: Projeto Urbanístico I – PRU I
Profa. Sílvia Betat – 2º semestre de 2009
TEXTO DE APOIO nº 4
Cidades Clássicas - Roma
Cidade Clássica
1. Cidades Gregas
2. Roma e Cidades Romanas
As cidades romanas (753 a.C. até 476 d.C.)
O Império Romano tem suas origens no século VIII a.C., na região de Lácio da Itália Central.
Iniciando sua evolução com a junção de várias aldeias de diferentes povos (sabinos, etruscos e
latinos) na planície do Rio Tibre, exatamente na localidade onde hoje se encontra Roma, expande-se
como ESTADO principalmente a partir do século IV a.C., primeiro na Península itálica, depois no
Mediterrâneo (República) chegando nas regiões da Ásia Ocidental, África do Norte e Europa Central
e Ocidental (Império).
Surge, assim, a primeira globalização imperial e econômica, com base numa configuração
multicultural.
Cronologia
• MONARQUIA (753-510 a.C.):
– Origem (753 a.C.): Conforme a lenda, Roma é fundada por descendentes de Tróia, conforme os
arqueólogos, trata-se de um tratado de várias aldeias sabinas, etruscas e latinas (localizados em 7
colinas) que organizam um ponto de encontro num vale de drenagem (cloaca máxima).
• REPÚBLICA (509-27 a.C.):
– 475: Fundação da República, com patrícios e plebeus.
– 264-146: Grande fase de expansão contra Cartago e as cidades gregas, e o Egito 􀀀 controle do
Mediterrâneo.
– Guerras cíveis provocam a ditadura militar de Caio Julio César (até 44 a.C.)
– Conquistas da Gália, Germânia e parte Oriental do Mediterrâneo.
• IMPÉRIO (27 a.C.-330 d.C.)
– 9 a.C.: Começa o Império com Otaviano Augusto César, organização do Império através de
estrutura militar
(exército com legiões).
– A partir de 410: Incursões dos Visigodos e Vândalos.
– 476 conquista pelos Ostrogodos.
Roma: primeira metrópole global
No auge do Império Romano, habitavam na capital de Roma mais de 1 milhão de pessoas. Quase
todas as funções centrais do Império eram concentradas em Roma, assim que a cidade vivia
completamente em função deste Império. Este processo de centralização passa por diferentes fases
de ideologias, políticas e cotidianidades.
“Todos os caminhos levam a Roma”.
Roma possui crescimento orgânico, evidenciando as suas diversas fases de desenvolvimento .
Destacam-se quatro elementos funcionais principais mostrando a forte interligação entre “idéias da
inteligência humana e o estado social” (COULANGES, 1998, p.3) no espaço físico da cidade.
• A religião
• A política
• O comércio
• O lazer
O centro político, religioso e comercial de Roma era o FÓRUM, hoje localizado no Sudeste central da
cidade.
Religião
• Como na Grécia (o grande ideal religioso dos Romanos), a cidade é permeada por templos
diferentes, tanto no centro da cidade como nos bairros e nas moradias.
• A transformação religiosa da sociedade romana mostra-se corporalmente no próprio Fórum.
• Os primeiros templos construídos possuem forte ligação com a religião grega.
• Durante as lutas e reconciliações políticas da República foi construído o Templo da Concórdia, no
ano 367 a.C.. Neste ano se conciliam patrícios e os plebeus.
• Durante o Império, os Imperadores assumem o papel de deuses. Por isso, encontramos no Fórum o
Templo de Antoninus e da Faustina, como símbolo desta deificação dos Imperadores.
Política
• Em Roma, se sucedem 3 formas de governança: o Reinado, a República e o Império.
• Cada uma destas formas cria os seus espaços próprios no Fórum Romano.
• Casa regia: No centro do Fórum Romano encontra-se até hoje uma pequena casa no estilo etrusco
representando a monumentalização do rei na região.
• Comitiatum: Frente dela se desenvolve um espaço de encontro dos cidadãos onde são
apresentadas as reivindicações dos moradores. Ali construiu-se a rostra (pódio de palestras) onde os
tribunos dos plebeus ou qualquer cidadão podem falar.
• Senado: Ao lado da praça é construído, durante a época da República, o parlamento das famílias
importantes (patrícios). Debatem-se aqui assuntos políticos. O poder executivo da época fica na mão
de 2 cônsules, votados por 1 ano sem reeleição para evitar a acumulação do poder.
• Domus: Já na época de Julio César (governo militar) forma-se o poder dos Imperadores. Estes se
retiram do espaço político republicano para os seus palácios denominados domus. Como a maioria
deles fica na colina Palatino, um Palácio até hoje com este nome. As funções públicas dos
Imperadores são exercidas nos seus respectivos Fóruns particulares.
• Arco de Triunfo: Os arcos são construídos na antiga Via Sacra (para procissões e desfiles militares
mostrando uma militarização de assuntos religiosos).
• Templos: Com a divinização dos Imperadores, aparecem templos como espaços sagrados-políticos
(Templo de Antoninus e da Faustina).
Comércio
A grandeza de Roma e sua eficiência política dependem de um sistema satisfatório de comércio. O
transporte marítimo acontece através de navios comerciais que transportam ânforas, os containeres
da antiguidade.
• Como metrópole, Roma apresenta diferentes formas de comércio. O seu porto é a cidade portuária
de Ostia, localizada 30 km da capital. Ali, se localizam grandes armazéns guardando alimentos de
massa (como farinha de trigo, azeite e vinho) integrados num sistema coerente do Império inteiro.
• No Fórum Romano, as basílicas são os mercados centrais da cidade, principalmente para as faixas
superiores da sociedade.
• Durante o Império, as funções do comércio (de luxo) são transferidas para os Fóruns imperiais,
onde se encontram verdadeiros “shoppings
Lazer
Com o governo absolutista dos Imperadores, a política se realiza através de elementos de consumo
(abastecimento com pão e jogos de divertimento).
Lema: panem et circense (pão e circo/diversão)
• Estádios e circus (circos) servem para o esporte e para corridas de cavalos e de quadrigas
(charretes com 4 cavalos).
• Anfiteatros e colosseum (coliseu) são utilizados para apresentações de teatro (agora de diversão e
para espetáculos específicos (batalhas navais, lutas entre gladiadores, lutas com animais silvestres,
todos com caráter exótico).
• Termas são lugares de encontro público, com massagem, natação, mas também com discussões e
festas. Aqui se faz política.
Moradias urbanas
• As moradias romanas seguem a tendência do adensamento no corpo urbano. A crescente
intensificação das relações comerciais e militares internacionais cria a necessidade de concentrar
grandes massas de trabalhadores, principalmente para a manutenção do exército e do comércio
(portos). Surge um dualismo social na construção das habitações. As casas dos ricos são individuais e
familiares (domus), enquanto as casas dos pobres representam moradias de massa (insulae).
Domus
• São as casas individuais típicas do Mediterrâneo, com um pátio interno (átrio) e um pequeno jardim
anexo e murado na parte de traz (peristilo). Encontram-se na parte frontal pequenas lojas (taberna) e
oficinas ou ainda paredes cegas. No interior, cercando o átrio aberto, os quartos da família. O peristilo
abre-se para a cozinha , oficinas e/ou áreas de lazer (banhos, sala de jogos etc.).
• Somente os muito ricos conseguiam habitar uma domus, que permitia um nível de conforto e
privacidade muito maior que as insulae.
Insulae
• As insulae nasceram por volta do séc. IV a.C. sendo prédios de apartamentos entre 4 e 6 andares.
No térreo localizam-se as lojas e oficinas, enquanto o primeiro andar serve para espaços de trabalho
(cozinha etc.) e os andares superiores para quartos particulares (apartamentos ou cenacula).
• Os cenacula não tem água corrente, que chega só até ao andar térreo. Como também não tem
privadas, esvaziam os urinóis em um recipiente comum (no patamar das escadas) ou diretamente na
rua. Para se defender do frio ou cozinhar, usam braseiros portáteis (não tem aquecimento nem
chaminés), o que acarretava riscos de incêndio. As janelas não tem vidraças, possuem apenas
cortinas ou persianas de madeira.
No século IV d.C., havia em Roma:
• 1.797 domus
• 46.602 insulae (com, em média,5 residências e 5 ou 6 moradores, no mínimo).
• Os alojamentos em Roma eram alugados a preços muito altos, em função da alta concentração
populacional.
• No tempo de César, paga-se por uma domus o valor de 30.000 sestércios por ano; o pior cenaculum
equivale a 2.000 sestércios: preço para adquirir uma propriedade agrícola no interior.
• As moradias são construídas por empresários privados, para especulação.
Abastecimento de água e rede de esgoto em Roma
• São numerosos os condutores de esgoto, pouco profundos, e dos coletores de superfície construídos
em Roma.
• A Cloaca Máxima, o primeiro grande coletor de águas residuais de Roma, foi construído por volta de
578 a.C., como esgoto a céu aberto. Em 184 a.C. foi coberto com uma abóbada semicircular de pedra,
de quase 3,5 metros de diâmetro.
• Além da drenagem e coleta de águas pluviais, o sistema coletava águas residuais e das latrinas
públicas ao longo das calçadas. A maioria dos habitantes usava as latrinas públicas.
• Inicialmente, as provisões de água em Roma provinham do rio, suficiente até o século IV a.C.,
quando os níveis de contaminação da água do Rio Tibre tornaram impossível o abastecimento.
• O primeiro aqueduto data de 312 a.C., coletando a água potável nos arredores da cidade.
• No século I d.C. havia 13 aquedutos em Roma.
• A água canalizada dos aquedutos abastecia residências privadas (os ricos pagavam ao Estado pela
água), fontes, banhos públicos e termas.
Contraste entre Roma e suas províncias
• A cidade de Roma possuía um caótico crescimento orgânico que contrastava com a regulação formal
da maioria das cidades das províncias romanas.
• Os engenheiros romanos adotavam um traçado simplificado para os assentamentos urbanos
planejados nas províncias.
Estas medidas não eram possíveis para uma cidade com grande nível de complexidade como Roma,
com mais de 1 milhão de habitantes.
• Para manter a autoridade ao longo de seu vasto império, os romanos edificaram milhares de
acampamentos legionários fortificados, denominados castras.
• Muitas castras existiam só como centro provisórios para atividades militares locais.
• Tais acampamentos deviam ser operativos em tempo mínimo.
• Eram traçados segundo um modelo de retícula, dentro de um perímetro defensivo pré-determinado.
• Mesmo com caráter provisório, muitos acampamentos formaram a base de cidades permanentes.
• Os assentamentos urbanos , que se desenvolviam a partir dos acampamentos ou que deviam sua
origem a outros fins (razões econômicas ou políticas), foram dotados dos mesmos planos simples e
normalizados.
O perímetro das cidades planejadas costuma ser quadrado ou retangular. Dentro dele, duas ruas
principais em cruz formam a base da estrutura viária: o decumanus, que atravessa o centro do
assentamento, e o cardo que costuma cortar ortogonalmente o decumanus.
• Ruas secundárias completam o traçado em retícula e formam as quadras de residências
denominadas insulae.
• A zona do fórum (equivalente romano à ágora grega) costuma estar situado em uma das esquinas
formadas pela interseção do decumanus e do cardo.
O fórum consiste em um pátio colunado, com um edifício para reuniões em um dos lados.
• O templo maior, o teatro e os banhos públicos encontravam-se perto do fórum, no centro da cidade.
• O anfiteatro, uma grande unidade espacial, que requeria uma área com declividade para os
assentos, costumava estar localizada fora da cidade.
• Os núcleos tribais, que costumavam ser um pouco mais que aldeias agrupadas de modo rudimentar,
foram urbanizadas novamente como cidades romanas (de diversas categorias) e os membros mais
destacados das tribos eram convidados a compartilhar das vantagens da cultura urbana romana e de
suas perspectivas comerciais.
Cidades fundadas pelos romanos
Exemplos de cidades fundadas pelos romanos:
• Viena
• Londres
• Lion
• Colônia
• Cádiz
• Paris
Referências bibliográficas
• Morris, A. E. J. Historia de la forma urbana: desde sus orígenes hasta la Revolución Industrial. -
7ª. ed.- Barcelona: Gustavo Gili, 2001.
• Sahr, Wolf-Dietrich; Sahr, Cicilian L. Löwen. Forma, função e evolução da cidade. (apostila de
Geografia Urbana). UFPR, 2007.
• Benevolo, Leonardo. História da Cidade. São Paulo: Perspectiva, 2007.

Nenhum comentário:

Postar um comentário