Os ts’in (221 – 207 a.C.)
Entre os estados feudais que desempenharam uma certa hegemonia na China dividida, figurava o reino de Ts’in situado no vale do rio Wei, na região de Chen-si. O exercito do ts’in caracterizava-se pela excelência de seu armamento: um cavalaria de grande mobilidade, uma infantaria ligeira e uma artilharia que compreendia máquinas para sítio, torres móveis e catapultas. Para termos uma idéia da belicosidade e, principalmente, da crueldade de seus guerreiros basta lembrar que só recebiam soldo mediante a apresentação das cabeças decepadas dos inimigos. Claro está que, nessa época, não podemos falar de cavalheirismo feudal.
Ao lado de um exercito poderoso, o Estado de Ts’in possuía uma legislação severa e impiedosa que disciplinava de modo rigoroso toda a população.
Um reino tão fortemente organizado deveria necessariamente passar à conquista externa. Com efeito, aos poucos, e à custa de numerosas carnificinas, das quais resultaram centenas de milhares de cabeças decepadas, o Ts’in estava apto para completar a unificação da terra chinesa iniciado na época imperial da Historia da China.
O fundador do Império Chinês foi o rei de Ts’in, Tcheng, que, como imperador chamou-se, Che Huang-ti (primeiro augusto senhor). O César chinês é descrito por um contemporâneo como um homem de nariz proeminente, olhos largos, peito de ave de rapina, voz de chacal, coração de tigre ou de lobo. O império fundado por Huang-ti iria durar, sob diferentes dinastias, mais de dois mil anos (221 a.C. – 1912 da nossa era). Convém, pois, apresentar os traços característicos de uma tal obra. Procuremos resumi-los nos seguintes itens:
1. A unidade imperial foi realizada.
a) pela força bruta que submeteu e destruiu os demais estados feudais;
b) pela extensão, a todo o território unificado, do rígido corpo de leis vigentes no Ts’in;
c) pela forte centralização governamental;
d) pela aplicação na política das maquiavélicas teorias da Escola dos Legistas, já utilizadas, havia muito, pelos príncipes do Ts’in.
2. Huang-ti, como outros grandes homens de estado, soube unir o gênio militar à capacidade administrativa. Consolidou seus triunfos guerreiros por meio de uma atividade política, social e intelectual. Deslocou populações inteiras com o fito de acabar com regionalismos perigosos, instituiu uma equilibrada e centralizada administração para as províncias e fez construir um sistema de estradas imperiais.
3. Entre suas realizações e desmandos de ordem intelectual podemos anotar:
a) unificação dos caracteres da escrita, dos pesos e medidas;
b) destruição, a conselho de seu ministro Li Sseu, de todos os livros, com exceção das obras técnicas, com a finalidade de livrar o império da considerada nefasta influencia dos escritores de filósofos como Confúcio e Mêncio (213 a.C.).
4. A grande obra material do reinado de Huang-ti foi a construção da monumental muralha da chinesa ligando as antigas fortificações outrora construídas por diversos príncipes com a finalidade de repelir os ataques dos Hunos.
Huang-ti morreu em 210, não sem antes tentar descobrir a droga da imortalidade, reunindo, para isso, enorme multidão de mágicos.
Sues funerais foram grandiosos e cruéis como fora sua vida. Sepultado nas proximidades de sua imponente capital, Hien-Yang, situada na margem do rio Wei, ao norte da atual Tch’ang-ngan, arrastou para as profundezas de seu monumental tumulo não só os operários que no mesmo haviam trabalhado, mas todas as mulheres de seu harém que não lhe haviam dado filhos.
O sucessor do grande imperador foi incapaz de continuar a grande obra, a dinastia dos Ts’in entra em decadência e o império mergulha numa era de anarquia em que o poder passa a ser disputado pelos chefes militares.
sexta-feira, 30 de outubro de 2009
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