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segunda-feira, 12 de outubro de 2009

NINFAS

As ninfas (νύμφης, nýmphês, em grego, nymphae em latim, nymphs em inglês, nymphes em francês), são divindades femininas secundárias da mitologia grega que habitam o campo, principalmente junto às fontes e estão ligadas à terra e à água. Nymphe significa também "moça", "mulher jovem", em grego e parece estar etimologicamente ligado ao verbo latino nubere, "casar-se" (em relação à mulher), a núpcias e ao adjetivo núbil.
Segundo Junito Brandão [1], as ninfas podem ser consideradas uma extensão da Terra-Mãe em união com a água. Desses dois elementos, surge a força geradora que preside à reprodução e à fecundidade da natureza tanto animal quanto vegetal. Desse modo, as ninfas seriam a própria Géia em suas múltiplas facetas.
As ninfas não são imortais, mas vivem tanto quanto "uma palmeira", ou seja, 9.720 anos, segundo a crença grega, e jamais envelhecem. Geralmente são benfazejas e têm os dons de profetizar e inspirar, de curar (como ninfas de fontes medicinais) e nutrir (como amas e nutrizes dos grandes deuses enquanto crianças e mães de heróis). Porém, ocasionalmente raptam crianças e podem perturbar o espírito de quem as vê. Sua hora perigosa é o meio-dia, momento de sua hierofania. Quem as vir, pode tornar-se presa de um entusiasmo ninfoléptico. É aconselhável, por isso, não se aproximar, ao meio-dia, de fontes, nascentes e da sombra de determinadas árvores.
O lado positivo do entusiasmo ninfoléptico é a inspiração divina, indispensável aos oráculos e aos poetas. As mais famosas inspiradoras são as ninfas das fontes do monte Helicon, as musas. Algumas ninfas de fontes e montanhas sagradas eram profetas ou conferiam o dom da profecia, como Dáfnis (oréade do monte Parnaso que inspirou o oráculo de Delfos antes de Apolo tomar-lhe o posto), Érato (dríade da Arcádia que era profetisa de Pã), Ocírroe (do monte Pélion), Sose (oréade da Arcádia), Tímbris (mãe de Pã) e as Trias (do monte Parnaso, ninfas dos auspícios e da adivinhação com pedrinhas).
O mesmo papel de inspiradoras é dado a entidades análogas às ninfas em algumas outras mitologias, como as apsaras da mitologia indiana, as gwragedd annwn da mitologia celta e as camenas da mitologia latina (mais tarde identificadas pelos romanos como ninfas ou musas), das quais as mais famosas foram Carmenta e Egéria (esposa do rei Numa Pompílio).
Belas, graciosas e sempre jovens, as ninfas foram amadas por muitos deuses, como Zeus, Apolo, Dioniso e Hermes. Quando se apaixonavam por um mortal, podem raptá-lo, como aconteceu com Hilas; fundir-se com ele, como Salmácis com Hermafrodito, ou se autodestruirem, como Eco por amor a Narciso.
Ninfeus


Interior do ninfeu de Coventina, Carrawburgh
Chamavam-se ninfeus aos monumentos, principalmente fontes, consagrados às ninfas. Originalmente, esses monumentos foram grutas naturais, consideradas tradicionalmente como lar da ninfa local. Alguns ninfeus estava dispostos de maneira a servir ao abastecimento d'água, como a de Side, na Panfília. Um ninfeu decidado à náiade local, Coventina, foi construído junto à muralha de Adriano na Escócia, extremo norte de Imperio Romano. Os sacrifícios oferecidos às ninfas geralmente incluíam cabritos, cordeiros, leite e azeite, mas nunca vinho.
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Como encarnação da fecundidade, as ninfas muitas vezes aparecem na mitologia em aventuras sexuais com humanos, deuses e sátiros e esses episódios foram o pretexto favorito de pintores vitorianos e de outros períodos conservadores para retratar cenas eróticas, o que fez delas símbolos de sexualidade feminina. Daí a formação de palavras como "ninfomania" (desejo sexual anormalmente forte nas mulheres) e "ninfeta" (adolescente excitante ou lasciva).
Na biologia, chamam-se de "ninfas" os insetos em uma fase de desenvolvimento ativa intermediária entre o estádio "infantil" de larva e a fase adulta, chamada também de imago (já os insetos que ficam inativos, são chamados "pupas" nessa fase). O termo técnico alude, nesse caso, à conotação de "jovem" ou "adolescente" da palavra, mas as ninfas aquáticas, como as dos mosquitos, são chamadas também de náiades.
Na classificação da flora brasileira elaborada, em 1824, pelo botânico alemão Carl Friedrich Philipp von Martius (1794-1868), a primeira feita para o Brasil, foram reconhecidas cinco províncias ou domínios florísticos, que receberam os nomes de ninfas gregas e correspondem, de modo geral, às regiões Norte, Centro-Oeste, Sudeste, Sul e Nordeste: as Náiades, ninfas das águas, deram nome à Amazônia; as Oréades, ninfas dos montes, aos Cerrados; as Dríades, ninfas das florestas, à Mata Atlântica; as Napéias, ninfas dos vales e prados, aos Campos Sulinos; e as Hamadríades, ninfas que morrem e ressurgem com as árvores que lhe servem de moradia, nomeiam a Caatinga, cuja vegetação ressurge após as chuvas.
editar Classificação das Ninfas


Ninfa com campainhas, de Jules Joseph Lefebvre (1836-1911)


A Ninfa do Rio, de Frederic Lord Leighton (1830-1896)
Há tipos ou classes de ninfas conforme os diferentes aspectos da natureza aos quais estão associadas:
Epígias - Ninfas da terra:
Antusas - das flores e lugares floridos
Dríades - das árvores
Hamadríades ou Adríades - de árvores individuais
Helíades - dos álamos
Hiléoras - dos abetos e outras coníferas
Melíades ou Melias - dos freixos
Epimélides, Mélides ou Bucólicas - dos pastos de cabras e ovelhas, mas também dos pomares e das árvores frutíferas
Limônides, Limoníadas ou Limácidas - dos prados e campinas úmidas
Napéias, Auloníadas ou Alseidas - dos bosques, soutos e arvoredos dos vales e barrancos
Oréadas, Orestíadas ou Orodemníadas - das montanhas e colinas
Hidríades - Ninfas da água:
Náiades ou Efidríades - da água doce
Auras - das brisas
Crinéias - das fontes
Heliônomas ou Heléadas - dos pântanos
Limneidas - dos lagos e lagoas
Néfelas - das nuvens
Pegéias - das nascentes
Potâmidas- dos rios
Halíades - da água salgada
Alciônides - das aves marinhas
Oceânidas - do alto mar
Nereidas - dos mares interiores e águas litorâneas
Psâmidas - das areias e das praias
Astérias ou Urânias - Ninfas do céu e das estrelas
Hespérides - do poente e da árvore dos pomos de ouro
Híades - da chuva e das estrelas Híades
Plêiades - da navegação e das estrelas Plêiades
Ninfas acompanhantes de deuses
Artemísias - de Ártemis
Cabírides - dos Cabiros
Hecatérides - dos Curetes
Lâmpades - de Hécate
Mênades - de Dioniso
Musas - de Apolo
Têmides - de Têmis
Dama do Lago
Elfos
Gwragedd Annwn
Janas
Ondinas

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