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domingo, 11 de outubro de 2009

DINAMARCA E NORUEGA

História
União com a Dinamarca
O fim da Idade Média foi um período de acentuado declínio económico na Noruega. A população tinha sido dizimada pela peste e outras epidemias durante o século XIV. Muitas quintas nas zonas limítrofes estavam desertas e os rendimentos diminuiram. Alguns historiadores alegam que um agravamento climático e a pressão da Liga Hanseática sobre a economia norueguesa foram a causa da tendência descendente. Outros acreditam que um contínuo empobrecimento terra contribuíu para a deteriorização.
A depressão económica teve ramificações políticas. A Dinamarca obteve cada vez mais importância na condição de principal país nórdico. O nobres dinamarqueses e alemães eram nomeados para os cargos oficiais de maior importância. As terras e residencias episcopais passaram para a mão de estrangeiros. A nobreza norueguesa .dispersou-se A capacidade do povo norueguês para a auto-afirmação nacional foi surgindo gradualmente.
A partir de 1450, a união com a Dinamarca foi estabelecida através de um tratado, que se destinava, supostamente, a garantir o poder do Conselho do Reino Norueguês quando um monarca era escolhido, apesar de esta estipulação nunca ter sido respeitada. O tratado deveria também servir como garantia de igualdade entre os dois reinos. Esta era a teoria; a prática provou o contrário.
Em 1536, a Noruega deixou de ser um reino independente. Esta situação surgiu numa assembleia nacional em Copenhaga, na qual o Rei Cristiano III jurou perante os nobres dinamarqueses que a Noruega seria doravante subserviente à Coroa Dinamarquesa, tal como qualquer outro território sob posse dinamarquesa. O Conselho do Reino da Noruega foi dissolvido e a igreja norueguesa perdeu a sua autonomia. A partir dessa altura, os nobres dinamarqueses tinham a liberdade de se assumir a posição de oficiais de direito na Noruega, podendo auferir de rendimentos igualmente neste país.
Esta estreita ligação política com a Dinamarca tornou inevitável que a Noruega fosse arrastada para guerras que a Dinamarca desencadeava contra a Suécia e as potências do Mar Báltico. Este facto levou a que o rei dinamarquês entregasse território norueguês à Suécia - Jämtland e Herjedalen em 1645, e Båhuslän e o feudo de Trondheim em 1658. No entanto, este último foi devolvido à Noruega dois anos depois.
Uma assembleia dos Estados Gerais em Copenhaga no ano de 1660 proclamou Frederico III herdeiro do trono e atribuiu-lhe a tarefa de conceder uma nova constituição aos reinos. Desta forma, os dois reinos ficaram sujeitos a uma monarquia absolutista, um factor que afectou a posição da Noruega ao longo do restante período da união entre os dois países. Apesar de a Noruega ser governada a partir de Copenhaga, muitas vezes o monarca não se encontrava em posição de governar. O verdadeiro poder estava nas mãos dos funcionários estatais. A Noruega ganhou muitíssimo com este facto, na medida em que alguns funcionários estatais começaram adoptar causas noruegueses. Em matérias relacionadas com a Noruega em especial, as perspectivas dos oficiais de alta patente noruegueses eram muitas vezes respeitadas.
Foi elaborada uma política durante este príodo de absolutismo, segundo a qual a Dinamarca e a Noruega deveriam ser tratadas como uma única unidade económica. Deste modo, foram garantidos à Dinamarca direitos exclusivos das vendas de cereais no sudeste da Noruega (1737), ao passo que um monopólio correspondente nas vendas de ferro da Noruega foi iniciado na Dinamarca. Através da introdução de privilégios comerciais citadinos em 1662, todo o comércio de madeira se concentrou nas cidades, a cujos habitantes eram dados direitos exclusivos à compra de madeira aos agricultores e donos de serrações. A intenção era criar uma classe média abastada nas cidades, um objectivo que foi alcançado.
A classe média que surgiu na senda do desenvolvimento económico implementou as sementes de uma consciência nacional burguesa, que se tornou especialmente discernível no século XVIII. Apesar de este facto se dever parcialmente ao forte crescimento económico desta classe social, o factor decisivo foi mais provavelmente uma crescente resistência aos esforços do governante relativamente à intenção de fazer de Copenhaga o fulcro económico dos dois países. Os comerciantes norueguese não conseguiam competir com os poderosos negócios comerciais da capital dinamarquesa.
No fim do século XVIII, a maior parte das importações eram enviadas por barco através de Copenhaga. Os comerciantes de madeira do sudeste da Noruega apresentaram uma exigência unitária com vista à existência de um banco nacional norueguês, ao mesmo tempo que apoiavam as exigências dos oficiais de cargos superiores quanto a uma universidade norueguesa. As exigências em causa foram recusadas, uma vez que o governo temia qualquer alteração que pudesse acentuar a autonomia da Noruega, pondo assim em perigo a força da união. A ideia de uma universidade norueguesa e de um banco nacional vieram gradualmente a simbolizar a crescente consciência nacional.
A tendência acelerou durante as Guerras Napoleónicas de 807 -1814. A Dinamarca e a Noruega aliaram-se à França e o bloqueio resultante isolou esta última da Dinamarca e do mercado. O comércio por barco e a exportação de madeira cessaram e a terra foi devastada pela fome. Dado que a Noruega já não podia ser administrada a partir de Copenhaga, foi nomeada uma comissão governamental de oficiais de cargos superiores para desempenhar essa função. O Rei Frederico VI acquiesceu às exigências de uma universidade nacional, que foi, em consequência, criada em 1811. Todos estes acontecimentos constituíram a semente daquilo que iria ter lugar em 1814.

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