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terça-feira, 6 de outubro de 2009

CIDADE ANTIGA


UDC - FACULDADE DINÂMICA DAS CATARATAS
CURSO DE ARQUITETURA E URBANISMO
Disciplina: Projeto Urbanístico I – PRU I
Profa. Sílvia Betat – 2º semestre de 2009
TEXTO DE APOIO nº 2
Cidade Antiga
Origens das cidades no Oriente Médio
1. Primeiros povoamentos adensados - Turquia
2. Cidades da Mesopotâmia:
Cidades dos Sumérios e Acádios
Cidades dos Assírios e Babilônios
3. Cidades do Egito
As origens da cidade no Oriente Médio
Três fatores contribuíram para a origem das cidades no Oriente Médio:
• A SITUAÇÃO GEOGRÁFICA REGIONAL: As origens da cidade se observam no “Crescente Fértil”,
tanto nas montanhas da regiãocomo nas planícies da Mesopotâmia.
• A REVOLUÇÃO AGRÁRIA traz um novo modo de sobreviver.
• Outras atividades ficam relegadas a atividades de CAÇADORES E COLECIONADORES seminômades,
principalmente nas florestas das montanhas.
Este conjunto de fatores (caça e extrativismo, pastoreio e agricultura) permite a sedentarização e as
primeiras tentativas de povoamento adensado, ainda com muitas características rurais.
Primeiros povoamentos adensados (proto-cidades): Turquia (11.500-
4.000 a.C)
Os primeiros povoamentos adensados do Oriente Médio observam-se nas regiões montanhosas da
Turquia e da Síria, como também no atual Estado de Israel.
• Göbekli Tepe (11.500 a.C.): Templo de caçadores, em pedras, com representações de animais,
sem muralha ou outro forma de proteção. Domina a função religiosa de uma cultura migrante.
• Nevali Cor (10.500 a.C.): povoamento agrupado com edificações em pedras em forma de templo.
Encontram-se ferramentas de obsidiana. Domina a função religiosa.
• Jericó (11.000-1.600 a.C.): Cidade com fortificações - muralha contra guerras e casas de tijolos de
adobe. Domina a função militar e de moradia.
• Chatal Huyuk (7.400-6.100 a.C.): Conjunto sem ruas e praças, como casas para moradia (não se
encontrou lixo!). Entra-se nas casas pelo teto. Grande parcela de casas apresenta elementos
religiosos de caçadores (altares em 1/3 das casas). Numa das casas achou-se o primeiro mapa,
desenhado na parede. Dominam a função de moradia e a função religiosa.
A revolução urbana - 4.000- 3.000 a.C.
• Conforme o arqueólogo Gordon CHILD (1892-1957), a REVOLUÇÃO URBANA deixa surgir na
Mesopotâmia todo um conjunto de cidades com base nas seguintes características:
• Os povos descem das montanhas para uma região desértica e iniciam sistemas de irrigação (com
canais).
• Introduzem-se grãos e a invenção da roda, uso do boi e pouco depois também do cavalo.
• Formam-se cidades com sociedades diferenciadas governadas pelo Rei-Sacerdote
• Desenvolvem-se sistemas de administração pública e armazenagem (com escrita cuneiforme,
tanto para listas de produtos como para nomes).
Mesopotâmia (3.200 a 539 a.C.)
Região localizada entre os rios Tigre e Eufrates, onde se situa atualmente o Iraque.
Povoada de cidades-Estado independentes, que periodicamente exerciam forte hegemonia sobre
toda a Mesopotâmia. No entanto, não se unificou sob um só governo.
Cidades dos sumérios e acádios (3.200-2.000 a.C.)
• Sumérios foram os primeiros povos da região a mostrar sinais de transformação e desenvolvimento.
• Organizados em cidades-Estado, cada uma possuía e adorava um deus.
• O deus de cada cidade-Estado era o proprietário das terras , que eram administradas pelos
representantes do deus na terra: os reis.
• O templo era o centro político, administrativo e organizador das finanças e da economia.
Inicialmente se localizava no centro das cidades.
• Aos poucos os templos passaram a ter uma construção mais sofisticada, feita em forma de torre
com degraus (zigurate).
• Os sacerdotes inventaram um sistema de escrita (cuneiforme) para fazer a contabilidade do
excedente da produção dos camponeses. O registro era feito em pequenas tábuas de argila.
• O sistema de produção era similar ao Modo de Produção Asiático.
• De um modo geral a liderança ficava nas mãos de alguém a quem poderia ser chamado rei, que era
conhecido como patesi ou lugal (o grande homem). O patesi era assessorado por um corpo de
funcionários, que eram sacerdotes e elementos da nobreza ligados ao rei.
• As primeiras cidades sumérias surgem próximo a embocadura dos rios Eufrates e Tigre. Estendemse
até Bagdá (Eridu, Uruk, e Ur). Trata-se no total de 12 Estados-cidades (poder descentralizado).
• No final desta fase histórica observa-se uma concentração do poder nas cidades de Akkad e Kish
(perto de Bagdá) apresentando uma organização política em províncias sob controle de um Rei
central.
• A unificação dos sumérios e acádios ocorreu entre 2.050 e 1.950 a.C. A região logo começou a ser
invadida e houve o desmembramento do império acádio em várias cidades- Estado, entre elas a
Babilônia.
Cidade Suméria de UR (2.100 – 1.900 a.C)
UR, em todos os seus pontos essenciais, foi representativa das cidades sumérias.
Possui três partes fundamentais:
1. a antiga cidade amuralhada (de forma ovalada irregular, com aproximadamente 1.200 m de
comprimento por 800 m de largura), erguida sobre o tell.
2. O têmenos, espaço exclusivo do rei e sacerdotes (cidadela religiosa), ocupava a maior parte
do setor noroeste e continha os únicos espaços abertos significativos da cidade. Era
dominada por uma zigurate. O resto da cidade intramuros estava densamente edificado com
bairros de casas.
3. A cidade exterior, fora das muralhas.
Os elementos centrais da cidade suméria UR
• Zigurate: Pirâmide escalonada, como recinto sagrado – tratase de um templo que representa uma
montanha, escada para rituais.
• Templo: ao lado da Zigurate encontra-se o templo da deusa Nanna.
• Casa de moradia dos sacerdotes: localiza-se ao sul da Zigurate (Giparu).
• Palácio: Moradia do rei, em cima da colina (Têmenos), com administração da cidade (estatísticas
dos armazéns).
• Túmulos do rei: integrado no muro do Têmenos, ao sul.
Espaços de moradia em UR
O tamanho das casas era variável, bem como as plantas, em função da disponibilidade de espaço e
dos recursos do proprietário.
• Moradia típica: casas fechadas com dois andares e pátio interno pavimentado(amenização
climática).
– Pavimento inferior construído com tijolo cozido e pavimento superior, com adobe. Gesso e cal
ocultavam a diferença de material.
– Há 13 ou 14 compartimentos ao redor do pátio.
– O teto (plano) é um espaço de moradia.
Muitas casas apresentam capelas integradas, com altares (espaço religioso)
• Outras capelas encontram-se na rua.
• Existem ainda escolas (para aprender escrever)
• As lojas oferecem produção já diferenciada, existem partes da cidade com galerias de lojas.
Cidades dos assírios e babilônios (1.894- 539 a.C.)
Entre 1728-1686 a.C., o rei-sacerdote Hamurábi assume o poder na Babilônia, unificando os povos
dispersos da região da Mesopotâmia Média. Transfere o centro político para Babilônia (com 200.000
hab.).
Na mesma época, formam-se o Império assírio no Norte da Mesopotâmia com Assur e Nínive como
centros. Os assírios mostram uma forte ligação com a Turquia (hititas). Em 625 a.C. as cidades
assírias foram cruelmente destruídas.
O primeiro império babilônico termina em 1513 a.C., sendo dominada sucessivamente por vários
povos até 1137 a.C., quando recuperou sua independência com Nabucodonosor (604 a.C. – 562
a.C.)
Funções das cidades
• Exemplo Babilônia – ponto estratégico do encontro entre 4 rotas de comércio:
• Rota Sul: faz ligação com os sumérios, hoje região de xiitas.
• Rota Oeste: faz ligação com Amã, Damasco e Jerusalém (Síria e Israel).
• Rota Norte: faz ligação com região montanhosa de Mossul e Kirkuk (hoje curdos).
• Rota Noroeste: faz ligação com Aleppo e Antioquia (Síria e Turquia).
• Exemplo Babilônia - Ponto da codificação da lei (o primeiro código escrito é de Hamurábi,
diferenciado por classes da sociedade)
• Exemplo Nínive - Centro cultural e de informações: bibliotecas
• Exemplo Assur – Centro da organização em províncias e de administração.
A morte, para os mesopotâmios e os egípcios
• Os habitantes da Mesopotâmia encaravam a morte de forma diferente dos egípcios: quando os
deuses pediam de volta o napithtu, sopro de vida que havia lhe dado a vida, eles iam para as
profundezas da terra, uma espécie de inferno. Por isto, todos os sumério-acadianos preferiam
acreditar na vida da Terra, onde
podiam gozar das venturas e delícias da vida.
• Os egípcios possuíam um real interesse pela morte, em função da crença absoluta no renascer.
Para que o morto pudesse renascer, ele precisava de algumas coisas materiais na sua própria
tumba. A técnica da mumificação (no início exclusiva dos faraós e altos funcionários) se popularizou
e era acessível a quem pudesse pagar.
Os túmulos variavam : as mastabas (túmulos de tijolos) dos ricos, as pirâmides dos faraós (depois
hipogeus, túmulos escavados nas rochas).
Egito (aproximadamente 4.000 a.C. – 332 a.C)
• No Egito antigo a vida girava em torno do Rio Nilo. A área habitada jamais se estendia além de uma
faixa de 10 km de suas margens.
• O Egito antigo tinha 2.000 km de comprimento e uma área cultivável de 30.000 km².
• O Egito localiza-se em uma área de confluência entre os mundos asiático, mediterrâneo e africano,
que supõe uma população mesclada (sem preponderância de um grupo étnico).
• Compunha um ESTADO único, sob o comando do faraó. Por este motivo, em geral, as cidades não
eram amuralhadas.
• O rio proporcionava condições para a vida que não existiam no entorno desértico.
• As cheias do rio ocorriam entre julho e outubro, depositando uma camada de lama fértil nas
margens. Entre novembro e junho, as margens eram utilizadas para a plantação de cereais e
hortaliças.
• Havia canais para irrigação e barragens para armazenar água perto das plantações.
• O Estado era centralizador e controlador da técnica e da economia agrária. O Estado possuía todas
as terras cultiváveis e o faraó era o responsável pelo Estado.
• Os camponeses eram obrigados a produzir um excedente , que entregavam aos fiscais do faraó.
• Os camponeses não eram escravos: viviam em comunidades, produziam seus próprios alimentos e
moradias e dispunham de certa assistência social.
• A atividade agrícola era importante para a sobrevivência dos egípcios, mas ocupava somente os
meses de novembro a junho.
• Nos meses de cheia do rio, o tempo disponível era utilizado na construção de grandes
monumentos, pirâmides, templos, sepulcros, nas atividades artesanais e nas obras de irrigação.
• As atividades artesanais eram concentradas em dois tipos de unidades produtoras: nas aldeias e
propriedades rurais (onde se produziam os tecidos grosseiros, o pão, artigos de couro) e nas
oficinas reais (onde eram manufaturados os produtos de alta qualidade para o consumo da corte,
tais como tecidos finos, peças em ouro, esculturas, porcelanas).
Simbolicamente, a sociedade egípcia poderia ser comparada à pirâmide:
• No vértice, o faraó (rei), visto como um deus intermediário entre os outros deuses e o povo.
• Logo abaixo, a alta burocracia, formada por altos funcionários, sacerdotes e altos militares. (ia
tornando-se hereditária).
• Na base, os trabalhadores em geral (camponeses, artesãos e uns poucos escravos).
• No Egito, não há restos urbanos de alguma significação anteriores a 2.600 a.C.
• Há escassos restos urbanos em comparação com o grande número de edifícios religiosos que
permaneceram.
• Apesar das construções de adobe, não se produzia um tell claramente reconhecível, tanto em
função da unidade interna do Egito como da fixação do faraó próximo ao local escolhido para sua
tumba (onde seria erigida uma pirâmide e um templo).
• No Egito, sobretudo nos primeiros tempos, há um grande contraste entre a cidade provisória dos
vivos e a cidade eterna dos mortos (necrópole).
• Os monumentos não formam o centro da cidade, mas são dispostos como uma cidade
independente, feita de pedra, com pirâmides, obeliscos, estátuas gigantes. É feita para ser vista de
longe.
• A cidade dos vivos, inclusive os palácios dos faraós, são feitos de tijolos. Logo destruídas, são
abandonadas (moradas temporárias).
• A cidade divina é uma cópia fiel da cidade humana, onde os objetos e personagens da vida
cotidiana são reproduzidos.
Cronologia
Da formação até 3.000 a.C. (período pré-dinástico), os egípcios estavam organizados em nomos
(pequenos estados com origem em antigos clãs, que tinham um chefe em comum mas cada um
cultuava um deus).
• 2.780 a 2.200 a.C – Antigo Império: unificação dos nomos e início da primeira dinastia. Na 2ª.
Dinastia o faraó se impôs como deus (governo teocrático). Na 4ª. Dinastia foram construídas as
pirâmides de Queóps (Khufu), Quéfren (Kafra) e Miquerinos (Mekaura), todas erigidas próximas a
capital, Mênfis. Marcada pelo contraste entre a cidade dos vivos e a cidade dos mortos.
• 2.065 a 1785 a.C. – Médio Império: O contraste entre a cidade dos vivos e a cidade dos mortos
parece atenuado. Tebas é a capital, ainda dividida em dois setores nas margens distintas do rio:
povoado e necrópole. Mas os edifícios dominantes são grandes templos construídos na cidade dos
vivos: Carnac e Luxor.
• 1580 a 1200 a.C. - Novo Império: Tebas ainda é o centro político e administrativo. O Egito
aumenta seus domínios e constitui um vasto império. Com a tomada do poder pelos sacerdotes,
legitimaram um novo monarca, militar.
• No período que se sucedeu, o Egito foi constantemente invadido até seu domínio, em 332 a.C.,
pelo exército de Alexandre Magno.
A construção das pirâmides tem um significado bastante importante. Elas são prova concreta da
consolidação de um sistema político centralizado e organizado. Cada pirâmide despendia um alto
custo social: somente a de Quéops (maior pirâmide) ocupou 100 mil trabalhadores durante 20 anos.
Referências bibliográficas:
• Morris, A. E. J. Historia de la forma urbana: desde sus orígenes hasta la Revolución Industrial.
-7ª. ed.- Barcelona: Gustavo Gili, 2001.
• Sahr, Wolf-Dietrich; Sahr, Cicilian L. Löwen. Forma, função e evolução da cidade. (apostila de
Geografia Urbana). UFPR, 2007.
• Benevolo, Leonardo. História da Cidade. São Paulo: Perspectiva, 2007.

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